domingo, outubro 14, 2007
sábado, outubro 13, 2007
Proibição dos Piropos...
E, eles até tornavam as ruas esburacadas, com prédios em construção, mais animadas!
Ora cá está um exemplo de uma situação que aconteceu na minha rua, quando eu estava na janela a namorar um periquito da vizinha do 1º andar: Tudo estava normal. Ouviam-se os "banques" contínuos do martelo do pedreiro Zé. As vizinhas do rés-do-chão ocupavam-se a falar da vida dos outros e o cão corria atrás do meu amigo Félix, gato de cor acizentada, que de vez em quando fazia-me a corte nas noites de lua cheia.
O pedreiro martelava e eis que surge caminhante e esvoaçante uma moça gordinha a chiclar uma pastilha e a ouvir música de um i-pod cor-de-rosa. O cabelo, tinha-o atado, num rabo de cavalo inquieto e ritmado ao som dos Da Weasel: "Olá linda quero tratar de ti...". Toda ela transpirava hip-hop de calças largas e T-shirt justa, bolinha rosa da chiclete a rebentar na boca distraída em murmúrios atabalhoados seguindo a letra da música. O pedreiro, de repente, parou de martelar ao ver aquela diva redondinha. Limpou o suor da testa com o boné. Arregalou o olho para ver cada detalhe de tamanha formosura e apertou os lábios, exprimindo um assobio bem sonoro de dois tons. A moça estando a ouvir "Olá linda quero tratar de ti..." o assobio afinadinho não entrou nos seus ouvidos e passou. O pedreiro mostrando outra forma de expressão à sua nova paixão, atirou o boné para o chão com força e ao encher os pulmões cheios de ar, gritou as mais valentes e "poéticas" frases do vernáculo de pedreiro que ficaram para a história da escrita popular:
"AIIIII, LINDAAAA!! BENDITA MÃE QUE TE PARIU!! ANDA CÁ MINHA ROSA! FAZIA-TE UM FILHO..."
A normal agitação da rua alterou-se. O trânsito parou. As velhinhas do rés-do-chão benzeram-se, o cão deixou de andar atrás do gato e o gato ficou com um trauma que deixou de miar durante um mês. O piriquito da vizinha do 1º andar ficou sem penas e eu fiquei sem vontade de o comer... a moça parou, ajeitando o rabo de cavalo, indignada, e murmurou um "estúpido" de nariz empinado. O pedreiro sorriu de satisfação, pela gordinha ouvir a sua expressão de poeta, colocou o boné a jeito e voltou às suas obrigações de martelo. E a minha rua voltou ao normal... para sempre, já que da boca deste pedreiro nada mais se poderá ouvir. Que pena!