Gatinhas Bem Cheirosas

Este é o blogue que vai certamente mudar a sua vida...para pior. Criamos ideias que não vão chegar a lado nenhum.

domingo, dezembro 04, 2005

Rinite Alérgica: "Cheiro Mal!!!"



Bom.. isto já parece um blog sobre doenças... Isto é apenas um relato exclusivo de uma vítima de rinite crónica que não pode viver sem um lenço de papel e o spray nasal.

Durante as férias, bem passadas, no território de Alberto João Jardim, andou uma de nós com uma séria deficiência nasal. Melhor explicado, a gatinha não se deu muito bem com os ares da ilha e teve um ataque crónico de rinite que a fez ficar com o nariz completamente entupido. Nada cheirava. Tentava cheirar uma flôr da ilha. Nada! E isso estando numa ilha considerada por muitos um jardim, é muito grave.
A gatinha, já em modo de desespero, pensava que iria ficar sempre assim. Em certas situações até lhe dava um certo jeito: não ter que suportar determinados cheiros incómodos do wc. No entanto, como saberemos se nós próprios não estaremos também a cheirar mal? É muito mal não poder detectar o odor horripilante à catinga debaixo do sovaco!
Os que sofrem de nariz altamente congestionado não o detectam. Mas se nos imaginamos dentro de um autocarro cheio de gente, depois de um dia de trabalho e, por motivos de equilíbrio temos de levantar o bracito e se não tivermos bem cheirosos e lavados debaixo do sovaco, somos, de imediato, fulminados por olhares incómodos de pessoas cujos narizes fazem um esforço para não fazerem o exercício normal de respiração. É de facto muito mal...
A gatinha bem tentava se enfrascar de perfume dos pés à cabeça para poder, já desesperadamente, detectar alguma coisa. Nada.
Depois de semanas e semanas sem cheirar nada, nem um simples cheiro a desodorizante comprado no Continente, a gatinha quase que entrava em colapso nervoso. E uma série de dúvidas foi passando na sua cabecita pensante:
"Afinal, o olfato não faz parte de um dos 5 sentidos fundamentais para a percepção que temos do que nos rodeia? (profundo...estamos a chegar a um nível bastante filosófico para a nossa gatinha...) Nós somos seres incompletos sem o olfato. Se se cheira a terra molhada, aperecebemo-nos que acabou de chover; se se cheira a incenso é porque alguém queimou um pauzinho; se se cheira a esturro é porque o arroz da panela se queimou; se se cheira a m---- na sola dos sapatos é porque acabei de pisar o cocó do cão da vizinha...(esta linha de pensamento foi agora de mau a pior...) . Há aqui uma clara discriminação para quem padece deste mal. Graças aos ares condicionados, à poluição, às condições invariáveis do clima. os portugueses sofrem cada vez mais de rinites, e constipações diversas acabadas em "-nites". Sim. Há mesmo uma discriminação para este mal trágico de não poder cheirar. Primeiro de tudo, não existe um termo específico para quem não cheira. Se chamamos a quem não vê, cego; a quem não ouve, surdo; a quem não fala, mudo, como se designa alguém que não cheira? Em todos os filmes e telenovelas que comovem as donas de casa, já apareceu a pobre menina coitada que era cega ou surda e muda e que, por milagre ou pelos avanços científicos numa clínica da Suiça fica curada e apaixona-se pelo médico que, por sua vez, a tinha atropelado e a deixado cega, surda ou muda...Agora, senhoras e senhores, já alguma vez viram um novela em que uma rapariga desgraçada foi atropelada pelo otorrino e ficou sem a capacidade de cheirar? Não viram, pois não? Há discriminação!!!"

A gatinha revoltada com esta situação já andava com ideias em fundar uma Organização de Apoio aos que Não Cheiram - OANC - e de publicar um livro sobre o seu próprio drama pessoal. Um dia iria se tornar num livro de sucesso e a história seria vendida para a realização de uma novela da TVI. Antes houve os "Olhos d'Agua" que tanto comoveu os portugueses. No futuro, entrariam nas suas casas a grande novela sensação: "Nariz Pingado" - o drama de uma rapariga que não cheirava ... Já se ouvia o Toy a cantar a música do genérico...
Estes grandes planos que surgiam acabaram por serem arrumados numa gaveta, tal como muitos planos e ideias dos grandes génios da literatura televisiva. Tudo isto porque, uma vez, num autocarro lotado, a gatinha detectou o cheiro a sovaco de uma espécie de macho latino de ar gorduroso. Desta vez, a gatinha desejou não voltar a cheirar...